A MENINA... OS LIVROS E OUTROS SONHOS!

História de sereias Neil Hollingsorth (EUA, 1954) aquarela

CAPÍTULO VIII

Ana Maria Louzada

Passado alguns meses de intensas visitas à biblioteca da escola, a menina ficou sabendo que poderia levar livros para casa.

Que legal! Que alegria! Assim poderia vivenciar as belas histórias dos livros emprestados, no quintal da sua casa, e de vez em quando, poderia dar uma volta com os livros da biblioteca no castelo encantado (o paiol) da casa da sua avó.

Porém, o mais interessante para a menina, era o sentimento de que os livros da biblioteca também poderiam ser seus, pelo menos por alguns dias. 

Interagindo com os livros de madeira e o de capa amarela, os livros da biblioteca se enriqueciam com as mil ideias da menina. Ideias produzidas no quintal da sua casa.

O quintal era palco de encenação, com cenários magníficos, formados pelas copas das árvores, pelo colorido das flores, e principalmente pelos barulhinhos dos animais que faziam parte das histórias da menina desde a descoberta do livro de madeira.

Muitas pessoas imaginárias participavam das apresentações e das leituras que duravam horas. Leituras em voz alta, representações espetaculosas das personagens e muitas, muitas histórias...

O mais legal ainda, é que ao final da tarde, ela podia ler para os seus irmãos e para as suas irmãs à luz da lamparina de querosene as belas histórias dos livros que pegava emprestado na biblioteca. Bem no finalzinho da tarde, porque assim que escurecia todos deveriam ir pra cama. Dormir cedo era a orientação da família.

Enquanto todos dormiam a menina relembrava as histórias... E sonhava com cada personagem assim que adormecia. No sono profundo se aprofundava nas ideias mágicas das histórias lidas e introduzia outras ideias deixando-as mais interessantes.

Eram os livros da biblioteca que possibilitavam a interação da menina com outras histórias. Os livros da biblioteca também oportunizava a interlocução com a sua família. Eram as história lidas e inventadas que possibilitavam dormir e sonhar lindos sonhos... E depois acordar para vivê-las mais uma vez no quintal da sua casa.

Ler aqueles livros... Agora por meio da leitura das palavras que lá se inseriam... Afinal, agora a menina sabia ler, estava alfabetizada, e por isso, podia criar e reviver as histórias do seu livro de madeira e do livro de páginas amarelas.

Amarelada, avermelhada, azulada e assim, com as múltiplas cores das páginas dos livros da biblioteca da escola a menina complementava os seus dizeres, as suas ideias, a sua imaginação...

Leia também os capítulos anteriores...

Postagens mais visitadas deste blog

Pacto Com A Felicidade de Carlos Drummond de Andrade

POESIAS NAS OBRAS DE ARTES: Crianças lendo

O Canto Dos Pássaros de Ana Maria Louzada