A MENINA... O SEGUNDO LIVRO... E AS PÁGINAS AMARELAS
Menina lendo – pintura de Jean-Honoré Fragonard
(1732-1806)
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CAPÍTULO V
Ana Maria Louzada
A menina descobriu que
dentro do paiol, melhor dizendo dentro do seu castelo, embaixo do lençol
amarelado, moravam livros... Muitos livros!
A avó, pegou um
daqueles livros, retirou a poeira, folheou e bateu de levinho tentando deixá-lo
o mais limpo possível e entregou-o à menina. Era um livro com capa dura, muitas
páginas amareladas e muitas letras. Um livro bem diferente do livro de madeira.
Ali estava o seu
segundo livro... A menina perplexa se indaga: - No seu livro de madeira, moravam
muitas histórias inventadas e contadas... E nesse livro? Quem morava nesse
livro? Porque tantas páginas amareladas?
Ela se encantou com
aquelas páginas amarelas... E com a quantidade de letras. Muitas letras! Só letras? Cada página que virava mais letras saltitava. Até que outros sinais
também foram aparecendo. Numerais, parênteses, colchetes, chaves e outros
sinais estranhos, que a menina ainda não conhecia. Tudo aquilo morava dentro do
livro. Do livro que era do seu tio, do tempo em que estudava, e que agora era
seu.
Encantada com o livro
de páginas amarelas, a menina convidava os personagens que moravam no livro de
madeira a conhecerem seu novo livro, que até então abrigava problemas de química
e suas fórmulas complicadas. A partir de agora passava a ser habitado por
fadas, bruxas, reis, gigantes, rainhas, princesas e estrelas.
Segurando o seu segundo
livro entre o coração e o braço, aconchegando todos os personagens que agora
moravam naquelas páginas cheias de letras e outros sinais, a menina desceu as
escadas e sentou no banquinho, onde continuou apreciando aquelas páginas. Foi quando
percebeu que além das letras e dos diferentes sinais que ali moravam, tinha
também um monte de buraquinhos. Muitos buraquinhos. Buraquinhos redondos,
compridos e tortos.
Muito intrigada ficava
pensando como aqueles buraquinhos podiam estar em todas as páginas, na mesma
direção e posição. Até que um dia, depois de folhear o livro muitas vezes, descobriu que aqueles buraquinhos foram feitos pelas
traças. Traça! O que é traça?
Ao ficar sabendo o que é uma traça, teve a ideia de dormir todas as
noites com os seus livros. Era uma forma de protegê-los das comedoras de livros. A menina dormia com seu
livro de madeira e agora com o de páginas amarelas. E junto da menina também dormiam todos os personagens que ali moravam...
Leia também os demais capítulos!
CAPÍTULO
I
CAPÍTULO
II
CAPÍTULO
III
CAPÍTULO IV
CAPÍTULO
V
CAPÍTULO VI
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