PELA JANELA ENTREABERTA, EU VEJO O HORIZONTE...

CRÔNICA / ANA MARIA LOUZADA

Por Ana Maria Louzada 

Hoje acordei bem cedo, um pouco mais cedo do que de costume. 

Ao abrir os olhos, lembrei-me de como será o meu dia. O meu, o seu e de  todos nós que estamos colaborando com a não propagação do vírus que nos colocou nesse desafio. O desafio do coronavírus. 

Sim! O corona que chamamos de COVID-19. 

Esse vírus, que por hora (ou por dias, anos...) faz parte das nossas vidas. 

Como assim, faz parte? 

Ainda deitada, olhando o céu, bem lá no alto, pois a janela está entreaberta. Gosto de dormir com a janela assim. Não gosto dela fechada. 

Céu azul, dia amanhecendo... E os meus pensamentos em movimento! 

Penso que faço parte de um grupo que há pelo menos 90 dias está colaborando com o bem maior, que é a VIDA. 

Em casa! Que maravilha, tenho colaborado de casa, pois tenho uma casa. Tenho uma família. 

Então colaboro de casa, com a família. Cuido da minha família, dos que moram comigo. 

Me esforço para ajudar aos que estão longe ou que estão logo ali, mas que agora, nesse momento não podemos nos encontrar. 

Mesmo sem sair de casa, encontramos uma maneira de nos ajudarmos, até porque eu também preciso de ajuda. 

Mesmo sem sair de casa é possível ajudar, colaborar, se solidarizar... Cada um com a sua consciência, fazendo o que está ao seu alcance. 

E continuo pensando. Sabe aquelas pessoas que criticam quem está em casa? 

Me parece que há um entendimento (ou desentendimento) de que ficar em casa é revelar individualismo. 

Alguns falam que existem pessoas se arriscando por aquelas que ficam em casa no conforto... Então, penso que há um desentendimento, ou não? 

Existem pessoas sim, que precisam sair de casa, pois tem um papel a cumprir nesse desafio da vida, que é salvar vidas. 

Nem preciso enumerar aqui, quem são essas pessoas. Formidáveis seres humanos. 

Mas fico pensando (até porque penso muito), que existem aquelas pessoas que ficam em casa, porque na mesma proporção e intenção tem o papel de salvar vidas. 

Nem preciso destacar aqui, quem são essas pessoas. Admiráveis seres humanos. 

Pois bem, entre os que precisam sair de casa e os que precisam ficar em casa, existem aquelas que não sabem o sentido da vida, então tanto faz ficar em casa ou sair, tanto faz morrer milhões de pessoas, tanto faz a dor do outro... E, por isso, não se comprometem com o bem-estar do outro. 

Pensando nisso, me ocorreu uma dúvida. _ Quem está se revelando individualista? 

Será que sair de casa, desconsiderando a gravidade dessa pandemia, não estaríamos contribuindo com a contaminação de todos num momento que requer cuidados extremos com a saúde pública? 

Ah!!! Me parece que essa é a atitude mais individualista que uma pessoa pode revelar. 

Logico que não estou falando de quem precisa sair. De quem precisa mesmo. De quem precisa sair de verdade, sem desculpas esfarrapadas. 

Então, sair ou ficar em casa, porque tem uma função a cumprir, pelo espírito de coletividade, porque se dedicam à salvar vidas, é uma questão de conceito, melhor dizendo, de caráter. 

Ufaa!!! Está difícil entender a complexidade desse mundo. Não é mesmo? 

São muitas contradições... E, por isso, é preciso pensar, refletir e avaliar sobre as mesmas. 

Pois bem, ainda na cama (está amanhecendo), continuo repensando (lembra que penso muito?), são pensamentos que vão e vem, me transbordam. Por isso, preciso pensar com vocês! 

Então, nesses pensamentos que vão e vêm, que iniciam desde o amanhecer, fico pensando que hoje é mais um dia. 

Em que posso colaborar?

O que posso fazer para que seja menos um dia aqui nesse lugar? E o que posso propor para que seja mais um dia de se solidarizar?

Essas são questões, são pensamentos que não se pode desconsiderar... Em que você anda pensando? O que você pensa ao acordar? 

Pela janela entreaberta, eu vejo o horizonte... 

E você, o que vê?


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